quarta-feira, 1 de abril de 2015

Rema rêmora, rema!


Hoje na aula de biologia estudaremos o comensalismo. O comensalismo é uma relação entre organismos de espécies diferentes que se caracteriza por ser benéfica para uma espécie, não causando prejuízo para a outra espécie. Um dos exemplos mais conhecidos é o do Tubarão e da Rêmora.

A rêmora se agarra ao corpo do tubarão e é transportada pelo tubarão enquanto alimenta-se dos restos de sua alimentação. Esse processo não prejudica o tubarão, pois a rêmora se alimenta apenas do que o tubarão descarta e seu peso não atrapalha em nada o tubarão.

Eu o tubarão, rei dos mares. Reino dominante, elegante, porém inexoravelmente (e como deve ser) solitário. Nado por aí livremente, faço e aconteço. Mas a verdade é que minha pose de autoconfiança e autossuficiência não passam de uma máscara. No fundo (do mar) tudo que não desejo é a solidão. Por trás dos meus sorrisos e dentes afiados, esconde-se um coração que anseia por ser amado.

Porém eis que tenho a companhia de minha amiga rêmora. A rêmora é a quem mais se aproveita do nosso convívio. É ela quem é transportada e alimentada. O que não se percebe, e eu não admito nem admitirei, é que eu adoro ter a rêmora aqui, como companhia. Que não só não me importo com o peso de carrega-la, como este peso passou a ser um motivo para que eu nade. Minha amiga rêmora me admirou desde o começo. A admiração é algo que nos faz querer melhorar e possuir algo que não temos para nos tornarmos alguém do qual queremos ser. Mas ao poucos foi deixando sua própria vida de lado para se tornar minha sombra.

Bom esse nosso comensalismo, essa nossa relação amigável e harmoniosa que sempre foi aparentemente neutra pra mim tornou-se negativa. E rêmora você se tornou um fardo. Ah rêmora você se acomodou, passou a não só não querer  minhas migalhas, mas agora quer toda a comida pra si mesma. E passou a se aproveitar e sugar tudo o que podia desse tubarão. Me tornei uma referência tão forte que tudo o que eu quero, você quer mais e quer apenas pra si. E seu sentimento de admiração passou se para algo mais. Passou a viver em função de mim e esqueceu sua própria vida, enfraquecendo a própria identidade.

 Se grudou tanto e tão fortemente a mim, que se sente não mais uma Rêmora, mas um tubarão. Admirar alguém é algo que nos faz querer melhorar e possuir algo do outro para si, mas é preciso perceber que é preciso que se viva a própria vida.

Rêmora,  rêmora, você abandonou a si mesma para viver à minha sombra, vivendo de minhas das migalhas. Lançou-se a uma jornada que nunca chegará a lugar algum, porque não é a SUA jornada. Então cara rêmora, rema. Rema e segue em frente. Não espere que a transporte mais. Eu te levei até aqui. Mas aqui que pegamos correntes marítimas diferentes.  Este tubarão encontra-se traído, cansado, e como aprendi com uma amiga peixinha esquecida minha. “quando a vida te decepciona, qual é a solução? Continue a nadar! Continue a nadar! Continue a nadar, nadar, nadar... Para achar a solução, nadar!”





domingo, 1 de março de 2015

Mas e Mais

















Pra quem sabe ler um pingo é letra.
E pra quem sabe escrever um ‘i’ faz toda diferença.
Mas isso seria esperar mais das pessoas.
E as pessoa querem demais.


Mas diferenciar o “mas” e o “mais” é fácil.
Ainda mais que elas tem sentido tão opostos.
Um serve pra se desfazer de tudo o que foi
E o outro pra trazer algo para que daí seja.
O famigerado mas elimina tudo o que foi
Tudo que poderia ter sido MAS não é.
Eu gosto de você... mas.
Poderia ser... mas.
Eu gostaria muito... mas.

Já o mais é um caminho que se percorre.
Eu iria ao cinema mais, se fosse com você.
Ele é bonito, mais ainda quando sorri.

E por ai vai
E  tem muito mais.
Mas no mais é isso.
Um é fim e o outro começo .
E sem fim não há começo.

Eu te amei, e você me adorou.
Eu te desejei e você me quis.
Eu te esperei e você prosseguiu.
Mas eu quero mais.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Classificados


Sente-se triste? sozinho?
Procurando companhia?
Seus problemas acabaram...

"Eu" é um produto que você esperava.
"Eu" está sempre sorrindo.
Possui várias piadas, sobre diversas temáticas.
É espontâneo e criativo.
Fala duas línguas, além da lingua do "P"
Já vem com ironia e sarcasmos inclusos.
É compacto pra quem vê (1,72)
mas gigante pra quem anda.
Não precisa de pilha, 
pois já é bem elétrico.
Se recarrega dormindo
E dorme muito! 
Também é utilizado para entretenimento adulto
o que é muito elogiado no mercado.É carinhoso, fofo e se você apertar
a barriga, "ele diz que te ama".
E apesar de não parecer vem na embalagem:
"Cuidado Frágil!"

Tratar: comigo mesmo!

sexta-feira, 14 de março de 2014

Bolha de Sabão



Maura, cara Maura, seria tão fácil ter pena de você, se eu não te conhecesse tão bem como cheguei a conhecer. Vida complicada a sua, sempre alguém com problema de você. Na escola o problema é colega de sala malvada que é muito invasiva e subestima sua capacidade. Em casa divide apartamento com a colega mal criada que é muito mandona.  No trabalho o chefe vive no seu pé. Sempre atacada, sempre a coitadinha, a pobrezinha.  Vive tendo problema com alguém, mas a culpa é do outro né? Sempre o outro.

Bom e como já era de se supor, imagina quem foi o seu último grande problema? Obviamente, eu. Confesso que fui muito ingênuo ao pensar que esse dia não chegaria. Como não percebi que logo eu também me tornaria o problema, que eu sairia como o malvado da situação. Fui apenas mais um (e pelo visto longe de ser o último) na sua longa listas de nomes.

E como isso é irônico né? Você que se intitula como a organizada, como aquela que ama uma arrumação, se deixa ser tão facilmente '
organizada' pelos outros. Se permite ser a bagunça que outros vem e organizam da maneira como querem, e que se desfazem.

Tive raiva de você confesso. Tentei te transformar na vilã dessa história, da mesma forma que você faz com os outros. Na verdade eu queria muito que você fosse a vilã. Tudo seria mais fácil. Eu teria um bom motivo pra minha raiva, e ela faria sentido. Mas não, você não é a vilã. Você é a mocinha. A mocinha sonsa e sem graça que as pessoas por algum motivo parecem gostar.  Sabe, aquela mocinha típica das novelas que o público torce pelo seu fracasso, mas que por algum motivo desconhecido, e irritante, o moçinho, e por fim o público se apaixona por ela?!

Fiquei pensando nisso esses dias se você fosse um conto de fadas, acho que seria a bela adormecida. Dormiu no ponto, parou no tempo esperando o príncipe pra te acordar pra vida. E o problema minha cara, é que o príncipe não vem. Nunca virá. E se você não der um beliscão bem dado, ou jogar um pouco d’agua no rosto, ninguém o fará. Alias, se quiser o beliscão é só me pedir que darei com gosto. rsrs

Mas sabe, acho que nem adantaria. Você é como uma bolha de sabão. É bonita por fora, mas vazia por dentro. E da mesma forma que uma bolha, sua beleza se desfaz ao primeiro contato mais intimo que se tem. Quando toquei sua bolha de sabão vi suas cores se desmanchando até sumirem. Agora observando de longe, vejo você  planando baixo e evitando qualquer esbarrão, voando solta por aí porém mais presa do quando se estivese no chão. 

O que espero pra você, enfim, é que tenha sua bolha estourada e desfeita quantas vezes forem possíveis. Mas não desejo isso porque torço pelo seu sofrimento, mas porque só assim, você poderá perceber que tem se preocupado muito com a superfície, e que é possível mostrar beleza pelo que há de mais interno seu.


PS: Nenhum ser humano foi ferido durante a confecção desse texto. Talvez, exceto por eu mesmo.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Como um barquinho de papel



Outro dia ouvi duas pessoas conversando numa lanchonete, algo bem costumeiro:
A garçonete da lachonete dizia: Aceita coca cola ou fanta? Quer o salgado de presunto ou de frango?
A cliente então respondeu: Tanto faz!
E a garçonete disse: Moça mas a coca custa três reais e a fanta dois e cinquenta.
Sai e fui refletir, “tanto faz”? Ora, é preciso escolher, nem que seja pra ficar com as duas opções! Que falta de personalidade, pensei.
A verdade é que muita gente vive assim, como um barco de papel numa lagoa que se deixa levar, pessoas assim são facilmente identificadas por utilizaram constantemente as expressões “tanto faz” e “pode ser”, para elas não há escolhas, esta sempre tudo ótimo, qualquer coisa serve! Será mesmo?
Um barco navega enquanto presencia o tempo passar, só admira as coisas acontecendo, ele mesmo não participa de nada! Pobre coitado, fica à margem de si mesmo, ao relento, à vontade do vento e das águas, não tem aspiração própria, ou talvez até tenha, mas, é incapaz de expressá-la, é como uma namoradeira na janela à espera de alguém que tome a iniciativa pra uma conversa quem sabe.
 Pessoas assim são medrosas, acomodadas, não querem ter de realizar escolhas, pois isso implica necessariamente numa perda! Quem escolhe o azul abre mão do amarelo, consequência natural, afinal não é sempre que se pode ter tudo e é preciso saber aceitar e superar isso! Contudo, mesmo que pareça contraditório e porventura não tenham essa percepção, tais pessoas escolhem não escolher, e terão que arcar com as consequências de manterem um estilo de vida Zeca Pagodinho “...deixa a vida me levar”.
A verdade é que esse tipo de pessoas não quer sofrer, contudo, não percebem que o sofrimento também é um sentimento importante e legítimo como qualquer outro, apesar de vivermos atualmente numa ditadura da não tristeza. Com o sofrimento aprendemos várias coisas, adquirimos experiência, valorizamos os bons momentos, quando os temos, liberamos estresse, etc.
Claro, que como dizia Vínícius: ...é melhor ser alegre que ser triste, mas melhor mesmo é não ser privado de sentir o que for, de se arriscar, correr atrás, sentir o frio na barriga, escolher, quebrar a cara, ser ou não recompensado, afinal, somos seres humanos, temos sentimentos e devemos senti-los por nós mesmos, todos eles, pois, a vida é passageira e cada segundo que passa não volta mais!
É melhor ser o protagonista da minha própria vida e dos meus caminhos; que o vento e as águas sirvam apenas pra me trazer surpresas, seja de leves brisas a furacões, de marés mansas a tempestades, mas que sejam legítimas e me possibilitem exercer com autonomia o livre arbítrio.
Pois, deixar-se levar não é uma opção, isso só funciona para barcos!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A Âncora e o Balão


E lá está o copo pela metade... Não está nem meio cheio nem meio vazio. Ele está ali, na metade e ponto. O que acontece é que nós resolvemos dar sentido ao copo. Nós queremos um sentido pro copo. E nós o fazemos. E não só com o copo, mas com a vida.  Vivemos ora numa postura de âncora e ora uma postura de balão.

Os momentos ‘âncora’ são o que nós nos puxamos pra baixo, que nos afundamos. Que nos levamos ao fundo e nos paralisamos. O que buscamos nos momentos âncora é a firmeza, são as certezas. Quem já navegou muito por mares turbulentos, é a calmaria que se busca. E é apenas a âncora que não os deixa ficar a deriva, vagando por ai sem rumo.
Já nos momentos ‘balão’, nós nos elevamos, saímos do chão e nos permitimos voar. Enxergamos o céu e vemos que nem tudo está perdido, porque nos afastamos dos problemas, vemos as coisas por cima, de outro ângulo. Quando se vive um vida de ventos brandos o que mais se quer é a aventura e a incerteza do voo.
Os âncoras adoram se dizer realistas. Que na verdade não estão no fundo do mar parados e estagnados, e sim firmes, com os pés no chão. Não percebem que ao se manterem assim por muito tempo não terão fôlego pra continuar. Já os balões esses sempre acham que estão apenas voando baixo, aproveitando a paisagem, e não percebem que mal respiram, que o ar esta rarefeito de tão altos que se permitam voar.  

Amar falta ar... Seja sendo âncora seja sendo balão. Esses dois são extremos que se completam. Num relacionamento deve haver sempre uma âncora e um Balão. E não pode ser diferente. Duas âncoras só mantém o relacionamento mais imóvel, e dois balões só fazem com que se perca de vista o chão. Mais uma Âncora e um Balão são a chave. Um não deixa que o outro se perca do chão e o outro não deixa que esse um voe. As âncoras são as certezas e os balões são os sonhos. Não se pode sonhar sem as certezas, e não há espaço para sonhos se se vive apenas com certezas. Mas como disse Fernando Pessoa, “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Viver não é ter certezas, e tampouco e só sonhar. Viver é esse eterno sobe e desce.


E eu que sempre fui tão Âncora me vi voando alto, alto demais. Tão alto que me perdi. Não me dei conta de que já não via a muito tempo o chão. Abortei a missão. Joguei a âncora, de dentro do  meu Balão. E caí de cara no chão e me despedacei. E doí. Doí muito, porque agora mais uma vez sou apenas uma Âncora no fundo do mar solitário a espera do Balão. Um Balão que me dará a certeza de que eu posso voar ser ter medo de cair...

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

15 dias



- "Então fica marcado pra daqui 15 dias.
- Você quis dizer 14 dias né? Daqui a duas semanas.
- Isso daqui 15 dias;
-  Não...  Uma semana tem 7 dias. Duas semanas tem. Vamos fazer a conta...
 
  
Sete vezes dois dá... Isso mesmo 14. De onde diabos as pessoas tiram 15
- Ah eh pra arredondar. Fica mais fácil de falar.



Só agora, refletindo sobre esse diálogo, que já ouvi várias vezes, é que me dei conta de que as pessoas tem um dia mais do que eu. Isso mesmo, enquanto a vida das outras pessoas continua normalmente, a minha salta um dia a cada duas semanas.
Agora eu entendo porque minha vida é mais fudida que a maioria das pessoas. As pessoas tem esse dia a mais, e eu perco ele.  E é exatamente nesse dia que as pessoas encontram o amor da vida delas. É nesse dia que elas aproveitam pra estudar pra provas e ir bem, enquanto eu resolvo ir pra balada e me fodo.  Nesses dias as pessoas conseguem o emprego do sonho delas, e eu fico contando moedas pra comprar Mc Donalds.

 Aaaah! Se eu tivesse um dia a mais tudo seria diferente (Mentira).  Eu não cometeria os mesmos erros (Mentira de novo). Eu saberia aproveitar esse dia pra realizar todas essas coisas.

Ta bom! É Mentira. Se eu tivesse um dia a mais eu faria inevitavelmente tudo igual. Cometeria os mesmo erros, as mesmas besteiras. Aproveitaria esse dia a mais, que não seria um dia a mais, seria apenas mais um dia, pra não fazer nada. Provavelmente ia dormir, ou desperdiçar assistindo algum seriado. É o que fazemos com os feriados e fins de semanas, planejamos milhões de coisas e acabamos frustrados porque não fazemos nem metade do que planejamos.

Então no fim das contas só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto só existe uma dia onde as coisas são possíveis. E esse dia é hoje! Hoje eu encontrarei meu amor. Hoje eu encontrarei o emprego que desejo. E só hoje eu serei feliz!