E lá está o copo pela metade... Não
está nem meio cheio nem meio vazio. Ele está ali, na metade e ponto. O que
acontece é que nós resolvemos dar sentido ao copo. Nós queremos um sentido pro
copo. E nós o fazemos. E não só com o copo, mas com a vida. Vivemos ora
numa postura de âncora e ora uma postura de balão.
Os momentos ‘âncora’ são o que nós nos
puxamos pra baixo, que nos afundamos. Que nos levamos ao fundo e nos
paralisamos. O que buscamos nos momentos âncora é a firmeza, são as
certezas. Quem já navegou muito por mares turbulentos, é a calmaria que se busca. E é apenas a âncora que não os deixa ficar a deriva, vagando por ai sem
rumo.
Já nos momentos ‘balão’, nós nos
elevamos, saímos do chão e nos permitimos voar. Enxergamos o céu e vemos
que nem tudo está perdido, porque nos afastamos dos problemas, vemos as coisas
por cima, de outro ângulo. Quando se vive um vida de ventos brandos o que mais
se quer é a aventura e a incerteza do voo.
Os âncoras adoram se dizer realistas.
Que na verdade não estão no fundo do mar parados e estagnados, e sim firmes,
com os pés no chão. Não percebem que ao se manterem assim por muito tempo não
terão fôlego pra continuar. Já os balões esses sempre acham que estão apenas
voando baixo, aproveitando a paisagem, e não percebem que mal respiram, que o
ar esta rarefeito de tão altos que se permitam voar.
Amar falta ar... Seja sendo âncora seja
sendo balão. Esses dois são extremos que se completam. Num relacionamento deve
haver sempre uma âncora e um Balão. E não pode ser diferente. Duas âncoras só
mantém o relacionamento mais imóvel, e dois balões só fazem com que se perca de
vista o chão. Mais uma Âncora e um Balão são a chave. Um não deixa que o outro
se perca do chão e o outro não deixa que esse um voe. As âncoras são as certezas e
os balões são os sonhos. Não se pode sonhar sem as certezas, e não há espaço
para sonhos se se vive apenas com certezas. Mas como disse Fernando Pessoa,
“Navegar é preciso; viver não é preciso”. Viver não é ter certezas, e tampouco
e só sonhar. Viver é esse eterno sobe e desce.
E
eu que sempre fui tão Âncora me vi voando alto, alto demais. Tão alto que me
perdi. Não me dei conta de que já não via a muito tempo o chão. Abortei a
missão. Joguei a âncora, de dentro do meu Balão. E caí de cara no chão e
me despedacei. E doí. Doí muito, porque agora mais uma vez sou
apenas uma Âncora no fundo do mar solitário a espera do Balão. Um Balão
que me dará a certeza de que eu posso voar ser ter medo de cair...
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