sábado, 7 de dezembro de 2013

Como um barquinho de papel



Outro dia ouvi duas pessoas conversando numa lanchonete, algo bem costumeiro:
A garçonete da lachonete dizia: Aceita coca cola ou fanta? Quer o salgado de presunto ou de frango?
A cliente então respondeu: Tanto faz!
E a garçonete disse: Moça mas a coca custa três reais e a fanta dois e cinquenta.
Sai e fui refletir, “tanto faz”? Ora, é preciso escolher, nem que seja pra ficar com as duas opções! Que falta de personalidade, pensei.
A verdade é que muita gente vive assim, como um barco de papel numa lagoa que se deixa levar, pessoas assim são facilmente identificadas por utilizaram constantemente as expressões “tanto faz” e “pode ser”, para elas não há escolhas, esta sempre tudo ótimo, qualquer coisa serve! Será mesmo?
Um barco navega enquanto presencia o tempo passar, só admira as coisas acontecendo, ele mesmo não participa de nada! Pobre coitado, fica à margem de si mesmo, ao relento, à vontade do vento e das águas, não tem aspiração própria, ou talvez até tenha, mas, é incapaz de expressá-la, é como uma namoradeira na janela à espera de alguém que tome a iniciativa pra uma conversa quem sabe.
 Pessoas assim são medrosas, acomodadas, não querem ter de realizar escolhas, pois isso implica necessariamente numa perda! Quem escolhe o azul abre mão do amarelo, consequência natural, afinal não é sempre que se pode ter tudo e é preciso saber aceitar e superar isso! Contudo, mesmo que pareça contraditório e porventura não tenham essa percepção, tais pessoas escolhem não escolher, e terão que arcar com as consequências de manterem um estilo de vida Zeca Pagodinho “...deixa a vida me levar”.
A verdade é que esse tipo de pessoas não quer sofrer, contudo, não percebem que o sofrimento também é um sentimento importante e legítimo como qualquer outro, apesar de vivermos atualmente numa ditadura da não tristeza. Com o sofrimento aprendemos várias coisas, adquirimos experiência, valorizamos os bons momentos, quando os temos, liberamos estresse, etc.
Claro, que como dizia Vínícius: ...é melhor ser alegre que ser triste, mas melhor mesmo é não ser privado de sentir o que for, de se arriscar, correr atrás, sentir o frio na barriga, escolher, quebrar a cara, ser ou não recompensado, afinal, somos seres humanos, temos sentimentos e devemos senti-los por nós mesmos, todos eles, pois, a vida é passageira e cada segundo que passa não volta mais!
É melhor ser o protagonista da minha própria vida e dos meus caminhos; que o vento e as águas sirvam apenas pra me trazer surpresas, seja de leves brisas a furacões, de marés mansas a tempestades, mas que sejam legítimas e me possibilitem exercer com autonomia o livre arbítrio.
Pois, deixar-se levar não é uma opção, isso só funciona para barcos!

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