Hoje na aula
de biologia estudaremos o comensalismo. O comensalismo é uma
relação entre organismos de espécies diferentes que se caracteriza por ser
benéfica para uma espécie, não causando prejuízo para a outra espécie. Um dos
exemplos mais conhecidos é o do Tubarão e da Rêmora.
A rêmora se
agarra ao corpo do tubarão e é transportada pelo tubarão enquanto alimenta-se dos
restos de sua alimentação. Esse processo não prejudica o tubarão, pois a rêmora
se alimenta apenas do que o tubarão descarta e seu peso não atrapalha em nada o
tubarão.
Eu o
tubarão, rei dos mares. Reino dominante, elegante, porém inexoravelmente (e
como deve ser) solitário. Nado por aí livremente, faço e aconteço. Mas a
verdade é que minha pose de autoconfiança e autossuficiência não passam de uma
máscara. No fundo (do mar) tudo que não desejo é a solidão. Por
trás dos meus sorrisos e dentes afiados, esconde-se um coração que anseia por ser
amado.
Porém eis
que tenho a companhia de minha amiga rêmora. A rêmora é a quem mais se
aproveita do nosso convívio. É ela quem é transportada e alimentada. O que não
se percebe, e eu não admito nem admitirei, é que eu adoro ter a rêmora aqui, como
companhia. Que não só não me importo com o peso de carrega-la, como este peso
passou a ser um motivo para que eu nade. Minha amiga rêmora me admirou desde o começo. A admiração é algo que nos faz querer
melhorar e possuir algo que não temos para nos tornarmos alguém do qual
queremos ser. Mas ao poucos foi deixando sua própria vida de lado para se
tornar minha sombra.
Bom esse nosso
comensalismo, essa nossa relação amigável e harmoniosa que sempre foi
aparentemente neutra pra mim tornou-se negativa. E rêmora você se tornou um
fardo. Ah rêmora você se acomodou, passou a não só não querer minhas migalhas, mas agora quer toda a comida
pra si mesma. E passou a se aproveitar e sugar tudo o que podia desse tubarão. Me
tornei uma referência tão forte que tudo o que eu quero, você quer mais e
quer apenas pra si. E seu sentimento de admiração passou se para algo mais. Passou
a viver em função de mim e esqueceu sua
própria vida, enfraquecendo a própria identidade.
Se grudou
tanto e tão fortemente a mim, que se sente não mais uma Rêmora, mas um tubarão. Admirar
alguém é algo que nos faz querer melhorar e possuir algo do outro para si, mas é
preciso perceber que é preciso que se viva a própria vida.
Rêmora, rêmora, você
abandonou a si mesma para viver à minha sombra, vivendo de minhas das migalhas.
Lançou-se a uma jornada que nunca chegará a lugar algum, porque não é a SUA
jornada. Então cara rêmora, rema. Rema e segue em frente. Não espere que a
transporte mais. Eu te levei até aqui. Mas aqui que pegamos correntes marítimas
diferentes. Este tubarão encontra-se traído, cansado, e como aprendi com
uma amiga peixinha esquecida minha. “quando a vida te decepciona, qual é a
solução? Continue a nadar! Continue a nadar! Continue a nadar, nadar, nadar...
Para achar a solução, nadar!”
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