Todo mundo tem
preguiça da segunda. Há toda uma cultura em cima de odiar e
ter preguiça nas segundas. Comigo, a preguiça e o ódio se
concentram no domingo. É um dia horrível. Horrível! Não tem nada pra fazer além
de ficar entediado o dia todo. No último domingo estava eu nesse tédio
circular, mudando de canal e esperando que algo me motivasse a fazer algo. Eis
que paro num daqueles reality shows de adestramento de cães. Parei e assisti.
Não me julguem, ainda.
No quadro um
cachorro pitbull foi adotado, e deixado num terreno baldio para
proteger o lote. O problema do cachorro é que ele é muito agressivo, e não
deixa o dono se aproximar nem pra por ração e água. Nessa parte começam aquelas
obviedades dos programas de adestramento, o reforçamento. Usando comida
e aperitivos pra que o cão aos poucos deixe que se aproximem dele. Mas
nada funciona.
Depois de
várias tentativas falhas de se aproximar do cachorro, eis que o adestrador
veste uma daquelas roupas de proteção (que parecem de astronauta) na qual o cão poderia morder ele
inteiro que nada ocorreria, e entra no terreno. Por mais incrível que pareça o
cachorro não faz nada. NADA! Tinha esperança que ao menos sangue rolasse e meu domingo
saísse do tédio. Mais não, pelo contrário o cão não só permitiu o carinho como
ainda chegou a brincar com adestrador.
O
Adestrador resolveu testar uma teoria que havia formulado e mostrou uma
mão de silicone ao cão, que imediatamente a mordeu ferozmente. Assim o que se
supõe é que o cachorro provavelmente tenha apanhado e sofrido muito por uma
'mão' em sua história de vida. E aprendeu a reconhecer a mão como algo aversivo.
E foi
nesse momento que tive o pulo do gato, ou melhor, o pulo do cachorro.
Percebi o porquê tinha perdido mais de 1 hora assistindo esse programa. Eu sou
o cachorro. Não, eu não to pegando a primeira pessoa que passa, e fazendo sexo
na rua. Pelo menos não sempre. Mas enfim a questão é que eu sou
aquele cachorro, com a diferença de que ao invés de atacar quando vejo uma mão,
eu ataco quando vejo um coração.
Sim, eu ataco
toda vez que os sentimentos e emoções se aproximam perto demais a ponto de eu
me sentir vulnerável e prestes a me machucar. Então antes que as pessoas deixem de me
amar, eu deixo de amar primeiro. Associei, assim como o cachorro, que ao ver um "coração" o que vem em seguida é sofrimento. E assim como na música da Adele passei a
não vou deixar ninguém se chegar perto o suficiente para me machucar. O problema dessa meu comportamento é que eu deixei de me machucar mas também deixei de ganhar carinho e estou cansado disso. Não posso parar no tempo e esperar que alguém venha vestido com aquela roupa de astronauta (aquela aprova de mordidas) e pacientemente se aproxime até que eu perceba que não tenho o que temer. Que não é assim que perderei o seu amor. Até porque como alguém irá me amar se eu continuar tentando mordê-las quando elas se aproximam.
não vou deixar ninguém se chegar perto o suficiente para me machucar. O problema dessa meu comportamento é que eu deixei de me machucar mas também deixei de ganhar carinho e estou cansado disso. Não posso parar no tempo e esperar que alguém venha vestido com aquela roupa de astronauta (aquela aprova de mordidas) e pacientemente se aproxime até que eu perceba que não tenho o que temer. Que não é assim que perderei o seu amor. Até porque como alguém irá me amar se eu continuar tentando mordê-las quando elas se aproximam.
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