sexta-feira, 12 de abril de 2013

Com o coração na mão!



Todo mundo tem preguiça da segunda. Há toda uma cultura em cima de odiar e ter preguiça nas segundas. Comigo, a preguiça e o ódio se concentram no domingo. É um dia horrível. Horrível! Não tem nada pra fazer além de ficar entediado o dia todo. No último domingo estava eu nesse tédio circular, mudando de canal e esperando que algo me motivasse a fazer algo. Eis que paro num daqueles reality shows de adestramento de cães. Parei e assisti. Não me julguem, ainda.

No quadro um cachorro pitbull foi adotado, e deixado num terreno baldio para proteger o lote. O problema do cachorro é que ele é muito agressivo, e não deixa o dono se aproximar nem pra por ração e água. Nessa parte começam aquelas obviedades dos programas de adestramento, o reforçamento. Usando comida e aperitivos pra que o cão aos poucos deixe que se aproximem dele. Mas nada funciona.

Depois de várias tentativas falhas de se aproximar do cachorro, eis que o adestrador veste uma daquelas roupas de proteção (que parecem de astronauta) na qual o cão poderia morder ele inteiro que nada ocorreria, e entra no terreno. Por mais incrível que pareça o cachorro não faz nada. NADA! Tinha esperança que ao menos sangue rolasse e meu domingo saísse do tédio. Mais não, pelo contrário o cão não só permitiu o carinho como ainda chegou a brincar com adestrador.

O Adestrador resolveu testar uma teoria que havia formulado e mostrou uma mão de silicone ao cão, que imediatamente a mordeu ferozmente. Assim o que se supõe é que o cachorro provavelmente tenha apanhado e sofrido muito por uma 'mão' em sua história de vida. E aprendeu a reconhecer a mão como algo aversivo.

E foi nesse momento que tive o pulo do gato, ou melhor, o pulo do cachorro. Percebi o porquê tinha perdido mais de 1 hora assistindo esse programa. Eu sou o cachorro. Não, eu não to pegando a primeira pessoa que passa, e fazendo sexo na rua. Pelo menos não sempre. Mas enfim a questão é que eu sou aquele cachorro, com a diferença de que ao invés de atacar quando vejo uma mão, eu ataco quando vejo um coração.


Sim, eu ataco toda vez que os sentimentos e emoções se aproximam perto demais a ponto de eu me sentir vulnerável e prestes a me machucar. Então antes que as pessoas deixem de me amar, eu deixo de amar primeiro. Associei, assim como o cachorro, que ao ver um "coração" o que vem em seguida é sofrimento. E assim como na música da Adele passei a 
 não vou deixar ninguém se chegar perto o suficiente para me machucar. O problema dessa meu comportamento é que eu deixei de me machucar mas também deixei de ganhar carinho e estou cansado disso. Não posso parar no tempo e esperar que alguém venha vestido com aquela roupa de astronauta (aquela aprova de mordidas) e pacientemente se aproxime até que eu perceba que não tenho o que temer. Que não é assim que perderei o seu amor. Até porque como alguém irá me amar se eu continuar tentando mordê-las quando elas se aproximam.

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