Querido
Marcelo,
Receber essa
minha carta mesmo após esses quatro anos, especialmente depois de tudo que se
passou, seria algo de grande estranheza. Mas essa carta não te enviarei. O que
tenho a dizer nela você não entenderia, aliás, você nunca entendeu.
Escrevo-a pra dizer tudo àquilo que não foi dito, tudo o que poderia ter sido e
que não foi... Enquanto escrevo, me afasto desses sentimentos que ficaram em
mim e que nunca foram revelados. Consigo me iludir e afastar de mim toda essa
dor. Mas como escrever em palavras aquilo que não cabe no céu?!
Marcelo, meu
amado Marcelo Não faço ideia de como você esteja, de como se sente nem o
que anda fazendo. Tive meus motivos para fazer o que fiz, só não esperava que
fosse sumir no mundo. Ainda contava com seu apoio, seus conselhos e da maneira
com que me percebia, muitas vezes melhor do que eu mesmo. Não se engane, não
sinto falta de você ou do seu amor, sinto falta do que eu senti quando te
conheci. Sinto falta de me perder em você. E era um egoísmo meu esperar que
continuasse a me amar mesmo após eu terminar com você da forma como fiz.
Marcelo, sinto
falta dos momentos em que a gente ficava deitado na praia apreciando
a vista. Já reparou como as cores se misturam?! Não se sabe se é o mar que
espelha o azul do céu, ou se é o céu que espelha o azul do mar. O azul não sabe
seu lugar, mas ele não se importa com isso. Ele não cabe só em si, vai do mar
ao céu, e o preenche, da mesma forma que você veio até mim. Me preencheu, e se
misturou a mim. De uma forma bem harmoniosa e sutil.
Mas não fundida, o horizonte estava lá pra nos mostrar o que cada um é. Ou talvez estivesse lá apenas pra mostrar que tudo tem um limite e também um fim.
Mas não fundida, o horizonte estava lá pra nos mostrar o que cada um é. Ou talvez estivesse lá apenas pra mostrar que tudo tem um limite e também um fim.
Mas como
te explicar Marcelo, como te explicar que seu amor me preencheu sim, mas
me fez perceber um vazio maior, um vazio que meu amor não conseguiu preencher
em você. Um vazio que era meu não amor por você. O carinho, o afeto, nunca os
deixei de ter. Provavelmente nunca os deixarei de ter. Mas o amor, ah esse se foi tão repentinamente como quando
chegou...
Ah Marcelo! Nosso verão foi ótimo mas o inverno chegou e agora faz frio, tanto frio que tudo parece estar congelando.
Um frio que você adoraria. O mesmo frio que serviu de desculpa para você se
aproximar de mim e me abraçar pela primeira vez. E quando você me
abraçava, o mundo girava devagar. Girava...
Você se lembra do vento gélido em nossos passeio por BH? Ele agora está mais forte do que nunca. Mesmo em casa, quando fecho a janela, ele lá está. Vejo então, que é de minha alma que ele vem e cada inverno ele retorna. Trazendo com ele os sentimentos frios e gélidos que ficaram após a sua partida, como se nunca tivessem me deixado.
Você se lembra do vento gélido em nossos passeio por BH? Ele agora está mais forte do que nunca. Mesmo em casa, quando fecho a janela, ele lá está. Vejo então, que é de minha alma que ele vem e cada inverno ele retorna. Trazendo com ele os sentimentos frios e gélidos que ficaram após a sua partida, como se nunca tivessem me deixado.
Ontem passei
em frente aquela nossa esquina. Aquela na qual você me roubou um beijo e onde
tudo começou. Tudo me era desconhecido naquela época. Descobrimos a cidade
juntos, era tão desconhecida pra você, quanto pra mim. Sempre que passo nessa
esquina alguma coisa aconteceu com meu coração. Relembro que não sabia o que
tinha a frente. Bem a gente nunca sabe né? Era como se tudo após
aquela esquina fosse escuro e nada houvesse além de um vazio. E assim como
descobrimos as ruas, você me descobriu. Me descobriu e me deixou descoberto. E
faz frio...
Nunca mais pude viver no 'não saber', por que agora eu sabia. Agora eu sei! Sei mais sobre de mim do que gostaria de saber e não há como fugir nem me esconder. Ando tentando negar o que sei, parece-me mais fácil. Mas me cansei. Por isso a carta. Te dei meu adeus, mas ele não foi suficiente, meu orgulho me impediu de te responder sua última carta. Só queria te contar que agora me libertei de você, que já não mais pensarei em você. E que ao contrario do que me disse em sua última carta, não espero que a vida nos aproxime de novo. Não nego o nosso passado, só não visualizo um futuro em que estejamos juntos.
Nunca mais pude viver no 'não saber', por que agora eu sabia. Agora eu sei! Sei mais sobre de mim do que gostaria de saber e não há como fugir nem me esconder. Ando tentando negar o que sei, parece-me mais fácil. Mas me cansei. Por isso a carta. Te dei meu adeus, mas ele não foi suficiente, meu orgulho me impediu de te responder sua última carta. Só queria te contar que agora me libertei de você, que já não mais pensarei em você. E que ao contrario do que me disse em sua última carta, não espero que a vida nos aproxime de novo. Não nego o nosso passado, só não visualizo um futuro em que estejamos juntos.