Maura, cara Maura, seria tão fácil ter pena de você, se eu não te conhecesse tão bem como cheguei a conhecer. Vida complicada a sua, sempre alguém com problema de você. Na escola o problema é colega de sala malvada que é muito invasiva e subestima sua capacidade. Em casa divide apartamento com a colega mal criada que é muito mandona. No trabalho o chefe vive no seu pé. Sempre atacada, sempre a coitadinha, a pobrezinha. Vive tendo problema com alguém, mas a culpa é do outro né? Sempre o outro.
Bom e como já era de se supor, imagina quem foi o seu último grande problema? Obviamente, eu. Confesso que fui muito ingênuo ao pensar que esse dia não chegaria. Como não percebi que logo eu também me tornaria o problema, que eu sairia como o malvado da situação. Fui apenas mais um (e pelo visto longe de ser o último) na sua longa listas de nomes.
E como isso é irônico né? Você que se intitula como a organizada, como aquela que ama uma arrumação, se deixa ser tão facilmente 'organizada' pelos outros. Se permite ser a bagunça que outros vem e organizam da maneira como querem, e que se desfazem.
Tive raiva de você confesso. Tentei te transformar na vilã dessa história, da mesma forma que você faz com os outros. Na verdade eu queria muito que você fosse a vilã. Tudo seria mais fácil. Eu teria um bom motivo pra minha raiva, e ela faria sentido. Mas não, você não é a vilã. Você é a mocinha. A mocinha sonsa e sem graça que as pessoas por algum motivo parecem gostar. Sabe, aquela mocinha típica das novelas que o público torce pelo seu fracasso, mas que por algum motivo desconhecido, e irritante, o moçinho, e por fim o público se apaixona por ela?!
Fiquei pensando nisso esses dias se você fosse um conto de fadas, acho que seria a bela adormecida. Dormiu no ponto, parou no tempo esperando o príncipe pra te acordar pra vida. E o problema minha cara, é que o príncipe não vem. Nunca virá. E se você não der um beliscão bem dado, ou jogar um pouco d’agua no rosto, ninguém o fará. Alias, se quiser o beliscão é só me pedir que darei com gosto. rsrs
Mas sabe, acho que nem adantaria. Você é como uma bolha de sabão. É bonita por fora, mas vazia por dentro. E da mesma forma que uma bolha, sua beleza se desfaz ao primeiro contato mais intimo que se tem. Quando toquei sua bolha de sabão vi suas cores se desmanchando até sumirem. Agora observando de longe, vejo você planando baixo e evitando qualquer esbarrão, voando solta por aí porém mais presa do quando se estivese no chão.
O que espero pra você, enfim, é que tenha sua bolha estourada e desfeita quantas vezes forem possíveis. Mas não desejo isso porque torço pelo seu sofrimento, mas porque só assim, você poderá perceber que tem se preocupado muito com a superfície, e que é possível mostrar beleza pelo que há de mais interno seu.
PS: Nenhum ser humano foi ferido durante a confecção desse texto. Talvez, exceto por eu mesmo.